ABRA A PORTA
Um menino que pudesse representar estes esquecidos poderia se chamar Ismael Brasileiro. Ele é o menino rejeitado pela família, pela Igreja e pela sociedade brasileira. Ismael Brasileiro tem uma história.
E ele é o sermão proveniente do Senhor Jesus para a Igreja brasileira dos dias atuais, a quem chamo para refletir, perguntando: Que postura esta Igreja tem tomado, ao declarar que este menino será a Igreja de amanhã?
O menino Ismael Brasileiro pode ser encontrado a qualquer hora do dia ou da noite vagando pelas ruas, dormindo nas calçadas, cheirando cola, para aliviar a fome, vestido com roupas rasgadas, descalço, com sede, com os dentes estragados, cansado, oprimido, perseguido, doente, com um olhar perdido, prestando serviços aos traficantes, sofrendo abuso sexual, carregando no corpo as marcas das agressões sofridas e longe do Senhor Jesus.
Hoje, este menino tem sido expulso pelos homens de negócios, ignorado pelo poder governante constituído, esquecido pela Igreja, perseguido pela polícia e odiado pela sociedade. E O Estatuto da Criança e do Adolescente? Para que tem servido? Para mascarar a responsabilidade social? Este menino nunca vai à escola, não recebe assistência médica, alimenta-se de coisas apodrecidas e restos de comidas lançadas nas lixeiras.
Há espaço para o Ismael Brasileiro?
Grandes templos foram construídos em nossa nação, mas será que suas portas de “bronze” estão abertas para os meninos e para as meninas? Enquanto se construíam os templos, alguma verba foi incluída no orçamento para alcançá-los? Houve previsão de recursos para ser-lhes dada assistência após a construção, seja no treinamento de pessoas, seja na utilização das dependências como salas de alfabetização, ou até mesmo a utilização do espaço físico para a realização de oficinas ou assistência médica, psicológica, alimentação e lazer?
O menino Ismael Brasileiro pode ser encontrado de Norte a Sul e de Leste a Oeste do nosso País, passando as noites debaixo das pontes, no lixão, nas favelas, nos esconderijos, nas imediações do Palácio do Planalto, no coreto da cidade, debaixo das árvores etc.
Se bem analisarmos, veremos que o Ismael Brasileiro representa uma numerosa multidão. E a situação desta multidão de meninos e meninas está bem próxima daquela descrita pelo Profeta Ezequiel no capítulo 37 de seu Livro. Posso imaginá-los formando um grande Coro. As vestes destes coristas são bem diferentes das usadas pelos Meninos Cantores de Viena ou daquelas usadas pelo menino Samuel (I Sm 2:18). Posso vê-los e ouvir cantar uma música que não se interrompe: “Abra a porta!” Esta é a música que eles estão cantando em coro, por sinal um coro muito afinado, que é impossível confundir a mensagem:
“Abre a porta às crianças, faze-as entrar com amor.
E lá das ruas e campos, traze-as a Cristo, Senhor.
Muitas, que vivem sozinhas, vivem sem pão e sem luz.
Abre a porta às crianças, faze-as vir a Jesus.
Abre a porta às crianças faze-as vir a Jesus.
Para Jesus. Para Jesus.
Abre a porta às crianças, pois que ansiosas estão.
Traze-as, oh, sim ao banquete da celestial salvação.
Rogo ao Pai que as ajude. Ora a Deus com fervor.
Que Cristo, a elas, estenda Seu belo reino de amor.”(1)
Abrir a porta às crianças para vesti-las, alimentá-las, educá-las, amá-las. Porém, fazer também tudo isto a fim de que elas possam conhecer Jesus como seu único e suficiente Salvador.
Jesus amou as crianças e até apresentou um menino à Igreja como referencial para entrar no reino dos céus. Jesus repreendeu a atitude desprezível como as crianças foram recebidas por seus discípulos, em certa ocasião. No coração daqueles homens escondiam-se pensamentos soberbos. Eles sofriam de miopia espiritual crônica e tinham uma visão deformada do perfil de um servo de Deus. Jesus apresentou uma criança. Jesus apresentou um menino, o “Ismael Brasileiro”. Jesus declarou: “Assim, pois, não é da vontade de vosso Pai Celeste que pereça um só destes pequeninos” (Mt 18:14).
O Salmista afirmou: “Da boca de pequeninos e crianças de peito suscitaste força, por causa dos teus adversários, para fazer emudecer o inimigo e o vingador” (Salmo 8:2).
Será que muitas vezes a presença de crianças no Culto Solene não tem sido considerada obstáculo para sua realização? Vigiemos, pois, para que, à semelhança dos discípulos, não nos coloquemos como pedra de tropeço para as crianças, impedindo-as de chegar a Jesus, criando empecilhos à presença delas no culto. Será que há idade mínima para a criança compreender o plano da salvação? Mas quando devemos começar a apresentá-lo a ela?
E o orçamento da igreja? Nele têm sido contempladas verbas para o trabalho com as crianças, compra de material ou o treinamento de professores para elas? Quando as crianças estão na Igreja, no Culto Solene, há pessoas preparadas para trabalhar com elas? Os melhores locais nas dependências da Igreja são reservados para elas?
O Senhor Jesus apresenta uma Porta Aberta (Apocalipse 3:8) para as crianças de estômagos vazios, despidas, descalças, com sede, (Mt. 25:41 e 42), desprezadas pelos homens, mas amadas por Deus (Mt:1810). O Senhor ordenou à sua Igreja que intercedesse pelos meninos (Lm 2:19), que acolhesse os pequeninos (Mt. 19:14) e fizesse deles discípulos (Mc 16:15; Mt 28:19). No entanto, algumas crianças são, às vezes, impedidas até mesmo de dormir embaixo das marquises das Igrejas. Um evangelho diferente, bem diferente, está sendo praticado em nome do Senhor Jesus.
Finalmente, estas foram as últimas palavras do menino “Ismael Brasileiro” – em frente a uma grande Igreja: “Eles construíram grandes templos e nos deixaram do lado de fora”. O menino Ismael Brasileiro é o sermão vivo do Senhor Jesus.
Pr. Edson Alencar – Representante da APEC Brasília
Que preciosa reflexão! Sempre penso a respeito da necessidade de templos tão luxuosos. Seria mesmo necessário? E pensando que nosso corpo é templo do Espírito Santo, será que não deveríamos presenciar mais templos revestidos dos mais luxuosos frutos do Espírito? Sobre as portas dos templos fechadas, lembrei-me do Projeto que nasceu na Cracolândea, chamado Cristolandea. Um pastor percebeu a necessidade de que a igreja fosse mantida aberta, para receber aqueles que necessitam. Com certeza os Ismaéis brasileiros necessitam de portas abertas. Vale ressaltar, que há Ismaéis também, dentro de luxuosas escolas e luxuosas casas e aptos, carentes de conhecer a Deus. Estes, se encontram deprimidos por ausência dos pais que cada vez mais vêm delegando suas responsabilidades para com os filhos. E há Ismaéis também nos leitos dos hospitais sedentos de esperança q só Jesus pode oferecer.
Só tenho a agradecer a Deus pelo privilégio de conhecer o Pastor Edson e a missionária Viviane Alencar. Tenho aprendido muito com eles e a cada dia percebo o quanto preciso da capacitação do Espírito Santo para ser usada por Deus na vida das nossas crianças, futuro da família cristã e da igreja de Cristo.
Que reflexão fantástica!!! Que essas palavras alcancem o coração de muitos pastores e líderes dos nossos dias, que ela encontre lugar no meu coração, pois a transformação que eu quero ver deve começar a partir de mim. Eu devo ser a primeira flecha que Deus lançará em favor do nosso “Ismael Brasileiro”. Pastor Edson, que a sua vida seja usada por Deus, a cada dia mais!